segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Contos de Lev Tolstói

Volto a escrever de uma publicação da Amarilys (Editora Manole). Em minha última crônica falei de "O duelo", do Anton Tchékhov. Agora é a vez de “A morte de Iván Ilitch e outras histórias”, de Lev Tolstói. Pois a Amarilys, de novo, está de parabéns. Outra vez um ótimo escritor, outra vez um livro muito bonito, agradável de ter nas mãos, folhear... Acho improvável que os livros digitais venham a ter esse fascínio. O Umberto Eco, ao que consta, pois ainda não li, escreveu a este respeito em seu livro “A memória vegetal e outros escritos sobre bibliofilia”, mas não é este o assunto, nosso caso é o Tolstói.
Mas aproveitando a minha incapacidade de seguir um assunto sem escorregar por alguma vereda, aproveito para recomendar o excelente filme “A última estação”, que mostra as últimas semanas de vida de Tolstói, sob o ponto de vista de um jovem escritor, contratado para acompanhá-lo. Tem-se, a partir do filme, uma boa noção do quanto Tolstói representou para a literatura russa e mundial e, também, o quanto era querido por todos, seja pela sua literatura, pelas ideias que apregoava ou, simplesmente, pela firmeza de seu caráter. Por sinal, achei uma feliz coincidência ter lido este livro antes de assistir o filme. A atitude de Tolstói, ao abandonar a sua propriedade, em Isnaia Poliana, lembra muito o comportamento de seus personagens em seu afastamento do mundo material e busca da liberdade espiritual.
Voltando ao livro, tal como o de Tchékhov, anteriormente citado, também vem prefaciado por Elena Vássina. Repito o que havia dito para o livro do primeiro, adaptando para o de Tolstói: um texto muito bom e agradável, e que ajuda na contextualização da obra em relação à sua época e ao conjunto da obra tolstoiniana. O livro é composto por quatro contos: “A morte de Iván Ilitch”, “Senhor e servo”, “O prisioneiro do Cáucaso”, “Deus vê a verdade, mas custa a revelar”.
“A morte de Iván Ilitch” é uma história de arrepiar. Já pelo título sabemos que o que virá pela frente não será um mar de rosas, nem seria de se esperar, em se tratando de Tolstói. Essa pequena novela começa com a notícia da morte de Iván Ilitch, e que se transforma, logo a seguir na descrição da vida do personagem, sua ascensão social, suas preocupações egoístas, até culminar com o pequeno acidente que provocará a sua doença e morte. E, no caminho até esta, o sentimento de “uma solidão tamanha, que mais completa que esta não poderia haver outra em lugar algum, nem no fundo do mar nem nas entranhas da terra”.
“Senhor e servo”, de certa forma, tem uma tessitura semelhante a “A morte de Iván Ilitch”. Um negociante, Vassili Andrêitch, a despeito do clima pouco convidativo, insiste em sair para fechar um negócio, a compra de um bosque na propriedade vizinha, que há muito o interessa. Nessa empreitada, leva com ele o seu serviçal, Nikita, e, puxando o treno, seu melhor cavalo, Baio. Os três empreendem uma jornada que mudará definitivamente suas vidas.
A terceira história, o conto “O prisioneiro do Cáucaso” é de criação anterior a “A morte...” e “Senhor e servo”. Narra a história de um soldado russo que servia no Cáucaso, o qual, a fim de atender o pedido de sua velha mãe, resolve retornar à casa desta a fim de casar-se. No caminho para o antigo lar, tão logo sai do forte onde servia, é feito prisioneiro por soldados tártaros. Decidido a não ceder aos seus inimigos e pedir que a família pagasse o seu resgate, escolhe fugir de sua prisão assim que surgisse uma oportunidade, o que só viria a ser possível graças ao fato de ser uma boa pessoa. Parece improvável? Leia e descubra.
Por fim, o conto “Deus vê a verdade, mas custa a revelar”. É a história de um jovem comerciante que, acusado de um crime que não cometeu, é mandado à Sibéria a fim de cumprir a sua pena. Impossibilitado de provar a sua inocência, só lhe restava rezar a Deus, único espectador, porém incapaz de testemunhar a seu favor.
Serviço:
Título: A morte de Iván Ilitch e outras histórias
Autor: Lev Tolstói
Editora: Amarilys (Editora Manole)
Ano: 2011
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Abraço,
Nelson Safi

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